A plataforma Google Earth Engine (GEE) representa uma infraestrutura de processa- mento e análise de imagens geoespaciais, concebida e mantida pela corporação Google, voltada para a realização de investigações científicas e análises geoespaciais avançadas. Ela combina uma vasta coleção de imagens de satélite e dados geoespaciais com recursos de processamento em nuvem e ferramentas de análise para permitir que os usuários estudem e visualizem informações em escala global [Gorelick et al. 2017]. Dentre as principais características destacam-se: extenso catálogo de imagens de satélite, algoritmos de processamento, processamento em nuvem e visualização interativa.
O GEE disponibiliza um extenso catálogo de imagens de satélite provenientes de diversas fontes, incluindo as missões Landsat, Sentinel e MODIS. Tal abrangência de fontes de dados permite aos pesquisadores e usuários acessarem informações tanto atuais quanto históricas, permitindo, assim, o monitoramento de alterações na superfície terrestre ao longo do tempo.
O GEE disponibiliza uma variada gama de algoritmos prontos e acessíveis para o processamento de dados matriciais e vetoriais, incluindo ferramentas de classificação de imagens. Tais algoritmos são executados na infraestrutura de servidores da Google, aliviando os usuários das preocupações inerentes à aquisição e à gestão de vas- tos conjuntos de dados. Além da exigência de capacidade computacional necessária para o processamento dessas informações. A plataforma oferece também recursos de visuali- zação interativa que facultam aos utilizadores a criação de mapas interativos, bem como a personalização de apresentações e painéis com vistas à exploração e ao compartilhamento dos resultados obtidos.
<aside> 📢 Caso não tenha conta no GEE , veja em:
Acessando o GEE pela primeira vez
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Além destes recursos, a plataforma apresenta uma diversidade de aplicações, abrangendo áreas como o monitoramento ambiental, a gestão de recursos naturais, a agricultura de precisão e a detecção de desastres naturais, dentre outras. Pesquisadores, cientistas, desenvolvedores e entidades diversas têm aproveitado a plataforma para a realização de análises geoespaciais avançadas. A título de exemplo, no contexto brasi- leiro, destaca-se o projeto MapBiomas [MapBiomas 2021], que ilustra a utilização bem- sucedida do GEE. Estas aplicações e algoritmos estão integradas mediante bibliotecas disponíveis para as linguagens JavaScript e Python. Nesse texto, iremos usar as biblio- tecas em JavaScript por estarem disponíveis para a utilização através do portal https://code.earthengine.google.com/, como mostra a Figura 1:
Figura 1. Editor de Código do GEE
O Google Earth Engine foi projetado para poder ser usado por profissionais de diversas áreas sem experiência com programação. Contudo, a melhor utilização desta plataforma pode ser alcançado com a compreensão de alguns conceitos que serão descritos na Seção 2.1.
A linguagem JavaScript foi criada por Brendan Eich em 1995 na Netscape com objetivo inicial de ser executada nos navegadores web tornando as páginas mais interativas [Wirfs-Brock and Eich 2020]. Desde então, ela evoluiu e atualmente não está limitada apenas aos navegadores. Antes de ser escolhida para acessar as funcionalidades da plataforma do Google Earth Engine, ela já tinha sido escolhida como a linguagem de script para integrar as aplicações de escritório como Google Docs e Google Spreadsheet [Ferreira 2014]. É importante ressaltar que um script consiste em uma sequência de co- mandos que um computador segue para realizar determinado processo, análogo a uma receita culinária. Portanto, é imprescindível ter conhecimento acerca das instruções ou comandos individuais e compreender a maneira adequada de combiná-los.
Existem algumas instruções que apenas causam um efeito, como a impressão de dados no console (aba à direita da Figura 1) ou executa uma operação de zoom na área do mapa, como no código a seguir:
// apenas
print ("Hello ERCEMAPI !!")
Map.setCenter(-37.77028535227355,-4.567792298842188,13)